CALIFÓRNIA
Opinião
Quem foi adolescente nos anos 80, pode se preparar. Califórnia transporta a gente pra realidade daquela época, pro Feliz Ano Velho do Marcelo Rubens Paiva, pro telefone fixo, pro walkman, pra vitrola, pra cultura New Wave e tantas outras referências da época, inclusive musicais – The Cure, David Bowie, New Order, Titãs, Paralamas, Capital Inicial. Se essa não foi a sua realidade, o filme também é bacana. Afinal, vale a pena conferir o que faziam os jovens do colegial, ou melhor, do ensino médio daquela época.
A mesmíssima coisa que fazem os jovens hoje – aliás, por isso é atemporal. Roteirista e diretora do filme, Marina Person conta que queria fazer um filme sobre a vivência da sua geração naqueles anos da história do Brasil “Era um momento de abertura política, da Diretas Já, da formação de várias bandas de rock e da AIDS”, lembra ela. “A nossa geração começou a vida sexual junto com a epidemia que apavorou todo mundo.” É verdade. Hoje se fala pouca da Aids entre jovens e o índice de novos casos entre adolescente é muito alto. “Eu não tinha noção do que aconteceu na época, mas acho importante falar do assunto pro jovem se proteger”, diz Clara Gallo, que faz a protagonista Estela, uma adolescente que vive com intensidade as amizades, a descoberta sexual, as frustrações, os tabus impostos pelos pais e o medo de perder o tio (Caio Blat) que tem a tal doença tão temida.
Califórnia conversa com outro bom filme sobre o universo adolescente brasileiro, As Melhores Coisas do Mundo, da Laís Bodanzky. Embora sejam épocas diferentes (esse já é na era digital), os dois filmes se complementam, dão a visão do rito de passagem do ponto de vista feminino e masculino e ajudam a refletir sobre esse universo que, de tão complexo e fascinante, tanto assunto rende.
Comentários