BRANCA DE NEVE – Blancanieves

Cartaz do filme BRANCA DE NEVE – Blancanieves

Opinião

Os contos de fadas são de domínio público, portanto qualquer pessoa pode contar e recontar a sua versão das princesas, madrastas, príncipes e tudo mais que já conhecemos. O que encanta – entre muitas outras coisas – nessa versão de Branca de Neve é ao mesmo tempo a delicadeza e a força da atmosfera espanhola, harmonicamente casada com anões, maldade, maçã, morte. Um olhar especial, não é para qualquer um.

Dá pra entender porque a produção do diretor Pablo Berger demorou tanto pra ficar pronta. Iniciada em 2004, tem um trabalho primoroso em cada detalhe, um cuidado para não cair na mesmice com símbolos já exaustivamente tratados, um olhar poético capaz de emocionar. Portanto, não deixe escapar o balanço dos leques na tourada, o olhar do toureiro, o figurino da Espanha daqueles anos 1920, a trilha sonora espetacular, carregada de significado e magia. O enredo você já conhece, por isso os detalhes fazem toda a diferença.

Exagerei? Não. Branca de Neve sai do lugar comum e dá voz ao conflito enteados-madrasta de uma maneira no mínimo diferente. É um convite para abrirmos uma brecha para uma outra linguagem cinematográfica. Com tanto filme mastigado, enlatado e barulhento, Branca de Neve é um presente para os sentidos: em preto e branco e mudo (sim, lembra O Artista), consegue, sem dúvida, ir além das palavras. Com elenco é primoroso, foi o grande vencedor do Prêmio Goya de 2013: melhor filme, atriz (Maribel Verdú, a madrasta), atriz revelação (Macarena García, a Branca de Neve), roteiro original, música original, canção original e figurino. Faltou premiar Daniel Gimenez-Cacho, pai da Branca de Neve, também espetacular.

Aguce os sentidos e permita-se a viagem à Sevilha do começo do século 20. E passe a dica adiante. É encantador.

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