BLITZ
Opinião
A BLITZ do título propriamente dita, e o racismo que vem com ela, funciona como pano de fundo, porque a história mesmo é conduzida por George, um menino de 9 anos que é enviado pela mãe para o interior da Inglaterra quando os nazistas borbardeiam Londres durante a Segunda Guerra, para que fique em segurança. Como vemos a guerra através dos olhos de George, uma parte de BLITZ mais parece uma perigosa aventura de um garoto desobediente; a outra parte fica por conta da mãe, Rita, na pele da atriz Saoirse Ronan, que tenta se reencontrar com o filho.
George é um menino negro, embora não se reconheça como tal. O diretor Steve McQueen (também de 12 Anos de Escravidão) traz a questão do racismo através dos desafios de sua jornada por Londres e pelo interior da Inglaterra, de cartazes e vitrines falando do império britânico, de pinturas e estátuas sinalizando a escravidão nas colônias. Mas, neste contexto, vale dizer que a escolha mais certeira de McQueen é o encontro de George com o soldado nigeriano, Ife, trazendo um espelho, uma representação invisibilizada naquele momento pra falar de pertencimento e de segregação.
BLITZ é um registro deste olhar sob a Londres destruída e sob a população praticamente sitiada. Steve McQueen cuida pra deixar tudo em seu devido lugar — um pouco até demais da conta. Melhor assistir como uma representação do momento das sirenes na madrugada, da falta de abrigos adequados, de estações de metrô servindo de abrigos, de toque de recolher, de produção bélica. Em tempos de tantas guerras, é o que vemos acontecer mundo afora.
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