APENAS O FIM
Opinião
” – Eu fico imaginando como vai ser o nosso futuro…
– Não entendo essa mania que as pessoas têm de querer saber o que vai acontecer, sabe. Não sei, para mim viver é mais como jogar Detetive. Você sabe que alguém vai morrer no final. Mas se vai ser como uma faca no hall ou com um castiçal na sala de estar… acho que o legal é você ir descobrindo aos poucos, jogada a jogada.. sei lá, explorando todo o tabuleiro.”
Um dos diálogos cheios de referências a personagens, videogame, filmes, músicas, jogos, como o Detetive, entre Antônio e a namorada.
Melhor Filme pelo Júri Popular no Festival do Rio 2009 e na 32a Mostra de Cinema de São Paulo.
Eu diria que Apenas o Fim é inteligentemente simples. Veja só: Matheus Souza, o diretor e roteirista, é novato, universitário, estudante de cinema. Com orçamento restrito, fez o filme com ajuda de amigos e escolheu uma só locação para baratear. Simples assim. Mas com inteligência e humor, porque os diálogos entre os protagonistas Antônio (Gregório Duviver, também em À Deriva) e sua namorada (Érilka Mader) são tudo no filme. Convenhamos: o texto tem que ser muito bom para sustentar o enredo em um só local (a PUC do Rio), entre basicamente dois personagens, sobre basicamente um tema. E é bom mesmo (confira o trailer abaixo, vale a pena).
O tema é o seguinte: Érika Mader quer terminar o namoro com Antônio. Ambos são estudantes de cinema, assim como o diretor (seria autobiográfico?). Ela diz que vai embora, não sabe para onde, nem por que razão, nem quando volta, nem se volta. Sabe só que vai embora em uma hora – e é esse o tempo que terão juntos para conversar, lembrar o tempo que passaram juntos (em preto e branco) e imaginar o futuro.
Trivial, mas as conversas são “tipo” muito boas – o “tipo” está por conta do linguajar deles, do retrato de uma geração que ama e se entrega intensamente, que sofre, que busca se encontrar mas se sente perdida e não sabe para onde correr. Como a personagem de Érika Mader diz, “nós nos perdemos no dia em que nos encontramos”. E é nessa procura deles mesmos que os diálogos transcorrem, que o humor aparece, que o cinema mostra a sua própria produção e seus protagonistas da vida real. Coisa de gente que tem um olhar diferente, para contar de outra maneira aquilo que provavelmente cada um de nós já viveu.
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