Opinião

Ferragosto é um feriado italiano, comemorado em 15 de agosto, quando as grandes cidades ficam às moscas porque coincide com a debandada de todos nas férias de verão. Pelo calendário católico, é o dia da Ascenção de Maria, sinônimo de almoço em família.

Simples assim, como o filme. Quem prepara o almoço é Gianni, um senhor, imagino que na casa dos 60 e tantos, que cuida da mãe idosa. Por circunstâncias diversas, Gianni acaba hospedando mais três senhoras em sua casa e o fim de semana de Ferragosto ganha uma dinâmica bastante diferente.

Embora tenha esse viés simplório tanto do enredo quanto da produção, o filme toca em pontos interesantes que merecem destaque – afinal, quem de nós não passará pela velhice… Da velhice que traz manias, entrigas e teimosias, como as da adolescência, mas acima de tudo uma alegria que se constrói com pouco. Alegria por ter companhia, por alguém se preocupar em fazer uma comidinha gostosa, por se arrumar para uma ocasião especial. Alegria de ser cuidada. E alegria de cuidar, por que não? Gianni faz com satisfação e preenche seu dia, que também era um marasmo, assim como Roma em agosto (isso se não contamos os turistas, é claro).

Outra coisa curiosa, que só notei quando fui pesquisar o nome do elenco (de velhinhas, ótimo por sinal) é que elas representam elas mesmas e usam seus nomes verdadeiros no filme – uma metáfora da vida real.