ALBERGUE ESPANHOL – L’auberge Espagnole
Opinião
Aqui é onde tudo começou. Eles só foram parar em São Petersburgo em Bonecas Russas porque antes se conheceram em Barcelona. Cada um de uma nacionalidade. Xarier (Romain Duris, também em Bonecas Russas, Paris, Em Paris, De Tanto Bater Meu Coração Parou, Como Arrasar um Coração) e Isabelle (Cécile De France, também em Além da Vida, Bonecas Russas) são franceses; Soledad (Cristina Brondo), espanhola; Alessandro, italiano; Tobias, alemão; Wendy, inglesa; Lars, dinamarquês. Todos estudantes, morando em um ‘albergue’ – o que aqui seria mais uma república. Descobrem o mundo universitário juntos, as semelhanças, as diferenças e aprendem a conviver com elas.
Albergue Espanhol retrata com muita graça e humor esse rito de passagem. A saída da casa dos pais para a aventura e desafios de ser independente, fazer o que bem quiser e ter que arcar com as consequências. Unidos pelo Erasmus, sistema europeu de intercâmbio universitário que possibilita essa troca de países e o estudo equivalente em outra cidade da Comunidade Europeia, ele também possibilita com que os jovens convivam com outras culturas e aprendam outros modos de vida. Aliás, as discussões sobre a identidade de cada um dos povos, sobre os diferentes idiomas, sobre os novos desafios, medos, angústias e dúvidas é muito interessante. Um retrato da vida universitária não só da Europa, mas mundial. Além, é claro, de mostrar a bela Barcelona nas suas festas, lugares turísticos, bares, música, ruelas, e tudo mais que tem de encantador por lá.
Quem lidera toda essa dinâmica é Xavier, o francês que quer ser escritor, mas resolve atender aos apelos da mãe – ou se ver livre deles de uma vez por todas – e vai estudar Economia. Para isso tem que deixar a simpática namorada Martine (Audrey Tautou, também em Uma Doce Mentira, Coco Antes de Chanel, Bonecas Russas) em Paris. Sofre, mas abre as portas para outras descobertas, típicas dessa fase. Toda essa turma se encontra 10 anos depois, para o casamento de um deles na Rússia, ainda sob a narração de Xavier, que segue buscando encontrar seu lugar ao sol e de um relacionamento duradouro.
Fiz o caminho inverso, assisti a Bonecas Russas antes. Agora conhecendo Albergue Espanhol, afirmo que vale a pena seguir a ordem, para acompanhar os caminhos de cada um dos personagens nessa década seguinte. Quem quiser fazer dobradinha, dá para engatar um no outro. As histórias são muito bacanas e divertidas, e o viés encontrado pelo diretor Cédric Klapisch (também em Paris) é muito leve e espirituoso. É o grande trunfo do filme – ou melhor, dos filme!
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