ACONTECEU EM WOODSTOCK – Taking Woodstock

Cartaz do filme ACONTECEU EM WOODSTOCK – Taking Woodstock

Opinião

Woodstock não é um evento isolado. Pelo contrário. Tudo o que aconteceu em Woodstock naqueles três dias chuvosos de agosto de 69 – e não foi pouca coisa – foram eventos diretamente relacionados com a conjuntura mundial da época. Os protestos contra as mortes no Vietnã, as cicatrizes do movimento estudantil de 68 na Europa, a luta das feministas pela liberação sexual e emancipação encontraram no festival o palco perfeito para virem à tona e fazerem história.

Exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2009, o filme já começa situando o festival no tempo, o que dá uma real dimensão daquilo que acontecia ao redor. Woodstock era a confirmação de que o mundo da moral e dos bons costumes estava realmente fadado a se modificar. Definitivamente e sem preconceitos. Não é à toa que são tantos os filmes que abordam o que acontecia em vários lugares do mundo no fim dos anos 60, começo de 70. Há vários no Cine Garimpo: A Culpa é do Fidel, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Milk – A Voz da Igualdade, Salvador. São registros dos jovens lutando contra o status quo, seja ele o preconceito, a ditadura, o capitalismo.

Interessante também é a maneira descontraída de contar do diretor Ang Lee (também de Desejo e Perigo). Baseado no livro de memórias de Elliot Tiber sobre o festival – já que foi ele o responsável por levar Woodstock para White Lake, estado de Nova York – o filme responde a várias questões-chave que sacudiram a sociedade na época e mudaram vários aspectos do mundo atual. Fora a plasticidade do filme: agradabilíssima, colorida (como os jovens de então) e quase documental.

Woodstock - CartazO interessante é que o ator Demetri Martin (humorista, mais conhecido por seu trabalho em stand-up comedy) permeia o filme todo na pele de Elliot mostrando várias facetas: seu desgaste e relação com a família tradicional, suas experiências com a cultura dos hippies, com as diversas drogas, com as escolhas sexuais, com o dinheiro, com a vida que acontece ao redor. É como se ele estivesse também vendo a situação de fora, como espectador, como eu. Como se estivesse fazendo escolhas. Sem falar na transformação que a fazenda palco do festival sofre após a chegada e permanência, por três intermináveis dias, de 500 mil adeptos da contracultura.

Aconteceu em Woodstock mostra uma massa de jovens enfrentando a falta de infra-estrutura, de comida, de higiene pelo simples prazer de se reunir, fazer amor e não a guerra, fazer as mais variadas viagens psicodélicas e ouvir música. Fico imaginando como seria se os jovens de hoje fossem capazes de tamanha mobilização… Seria bom – há muito por fazer. O que vem depois de Wookstock, nós estamos vivendo. Para quem não sentiu na pele aqueles anos, o filme retrata muito do que representou o mito. Se eu fosse você, não deixaria de fazer essa “viagem”.

* Acima: cartaz oficial do festival

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