ABRAÇOS PARTIDOS – Los Abrazos Rotos
Opinião
“Um filme precisa ser concluído ainda que às cegas.”
Quem assistiu a pelo menos um dos três grandes filmes de Almodóvar, Tudo Sobre Minha Mãe, Fale com Ela e Volver, vai entender bem o meu principal argumento para não perder este filme – digo principal, porque há vários. O que mais me fascina no estilo Almodóvar de filmar é a amarração impressionante que ele faz no roteiro. Consegue retratar com viva emoção vidas que se entrelaçam de uma maneira sempre muito peculiar, colorida (vermelha), intensa e sempre feminina. Abraços Partidos é assim. E mesmo que esse modelo se repita, me envolvo com os personagens, com as hístórias de vida, me emociono com essa maneira de retratar vivências. Cria identidade com o espectador e a gente entra na sala do cinema tendo a certeza de viver fortes emoções.
Desta vez a história gira em torno do cineasta Mateo Blanco. Embora cego, continua escrevendo roteiros ancorado por sua fiel escudeira Judit García e pelo filho dela, Diego. Um problema pontual faz com que venha à tona uma figura do passado, Ernesto Martel, rico empresário, agora morto. Lena (Penélope Cruz) aparece nesse passado, em 1994, quando era esposa de Ernesto e sonhava, apesar do ciúme do marido, em ser atriz de cinema. No cinema de Mateo. Armada a trama, a história se desenrola com o cinema como pano de fundo. Um belo tributo de Almodóvar à sua forma de arte, sem dúvida.
Para completar, tem o argumento da bonita trilha sonora que acompanha a trama, do suspense eletrizante, do colorido arrebatador, do romance intenso, da fotografia genial, da comédia irreverente. Argumentos suficientes para você não perder nenhum dos abraços, antes que eles se partam.
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