A ONDA – Die Welle

Cartaz do filme A ONDA – Die Welle

Opinião

Embora tenha como base uma história real ocorrida na Califórnia em 1967, o filme é uma ficção, vale dizer. Mas nem por isso menos verossímil. Reiner Wegner é professor do ensino médio e naquela semana é designado para dar um módulo sobre autocracia. Embora preferisse falar sobre anarquia, Wegner se vê diante do desafio de envolver os adolescentes inquietos com um assunto de que a Alemanha já teve o suficiente.

Isso diziam os alunos, não eu. Disseram que já estavam fartos de ouvir falar de Hitler, que isso era página virada da história. Mas seguindo a linha interativa, Wegner propõe aos alunos uma simulação, para provar que, se bobearem, a semente voltaria a geminar. Imaginaram que para se tornar homogênea, a classe deveria adotar algumas regras básicas dos sistemas autoritários, que massificam seus membros para exercer o controle. Para tanto, designaram um líder, um lema, um símbolo, uma saudação, um vestuário, uma postura. Agora eram todos iguais. Com exceção de alguns, que foram discriminados e ameaçados. A proposta era vivenciar aquela situação durante cinco dias.

Denominado pelos alunos A Onda, o movimento toma dimensões extraordinárias e ultrapassa os limites do que era para ser somente uma aula experimental.

Não vou contar mais, porque realmente vale a pena conferir. A Onda nos faz pensar em, pelo menos, dois pontos. Primeiro, o poder das palavras. Tudo começa com um discurso, com a persuasão, a apresentação de uma proposta bem calcada – risco a que estamos expostos todos os dias. O segundo, a extrema vulnerabilidade do ser humano, daquele que preenche seu vazio ideológico e afetivo com uma promessa de poder, sucesso, superioridade e possibilidade de pertencer a algum grupo, ser aceito.

Minha sorte é que tive que sair correndo do cinema com medo do trânsito. Senão, teria ficado ali paralisada, pensando sobre os rumos da nossa sociedade, sobre a intolerância ao que é diferente, sobre as sementes do autoritarismo que estão plantadas entre nós nos gestos mais sutis, sobre o poder de cada palavra que emitimos. Fui embora rápido, mas não escapei da paralisia.

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