A INFORMANTE – The Whisterblower

Cartaz do filme A INFORMANTE – The Whisterblower

Opinião

Destacada para se juntar à missão de paz da ONU na Bósnia no pós-guerra em 1999, a policial Kathryn Bolkovac (Rachel Weisz, também em O Jardineiro Fiel Beleza Roubada) acaba mexendo no vespeiro do tráfico humano na região. Causado pela guerra – ou exacerbado ao extremo pelo conflito étnico-religioso que assolou os Bálcãs de 1992 a 95 – o comércio de garotas de diversos países do leste europeu, ludibriadas por esquemas corruptos e mentirosos, torna-se uma excelente fonte de renda não só para sérvios e croatas, mas para os próprios agentes das forças de paz da ONU, que teoricamente estavam na região para reorganizar e estruturar o país devastado.

É nesse contexto que Kathryn percebe o envolvimento não só dos donos de boate, bares e criminosos dos países vizinhos como Ucrânia, Hungria e Bulgária, mas também do alto escalão da ONU. Enquanto mulher, não se contenta em fechar os olhos para as torturas, exploração sexual e violência contra as garotas e coloca  sua carreira e vida em risco para delatar e punir os culpados. Baseado em fatos reais, A Informante é um registro muito interessante de um crime bastante comum, que continua sendo praticado nos quatro cantos do mundo, continua movimentando muito dinheiro e favorecendo uma rede de criminosos impressionante.

Neste caso específico, o que me chama a atenção é realmente pensar que isso ocorreu há apenas uma década, na entrada do século 21, em plena Europa, aos olhos de absolutamente todo o mundo. Filmes assim são muito válidos para refrescar a nossa memória e não deixar isso esquecido no passado. Imagine o que ocorre em países mais distantes, não tão interessantes do ponto de vista geopolítico ou econômico… Quando se fala em crimes de guerras passadas, fica mais fácil se distanciar e imaginar que tudo foi inevitável. Aqui, não há como. É muito recente, deixou sequelas intermináveis e sangue espalhado pelas mãos de quem deveria prover a paz. Pelo que o filme mostra, a imunidade diplomática dos agentes das Nações Unidas os livraria de qualquer punição. Portanto, a melhor medida era mesmo tirar proveito da situação. Soa familiar?

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