À DERIVA

Cartaz do filme À DERIVA

Opinião

Não estou ainda vivendo a fase de filhos adolescentes, em que as descobertas da vida adulta são verdadeiras revoluções emocionais e físicas. Mas como já senti na pele o que é passar pela etapa confusa da adolescência, para dizer o mínimo, À Deriva tem um gostinho de algo já conhecido. Isso é ainda mais reforçado pela ambientação. O filme se passa nos anos 80, com figurino, jogos, bicicletas, carros da época, hábitos que permearam também a minha adolescência. A turma de férias, os namoros, os jogos da verdade… é como revisitar uma época importante da vida.

A protagonista é Filipa (Laura Neiva), que passa as férias com a família e os amigos em Búzios. Seus pais, Mathias e Clarice, vivem nesse momento uma crise conjugal séria e Filipa, como filha mais velha, é quem mais questiona a situação quando começa a ter olhos para essa realidade. Sua relação estreita com o pai (Vincent Cassel) é abalada e com a mãe (Débora Bloch) é quase invertida – Filipa se vê cuidando dela. Gosto do desfecho dessa questão – mas não vou entrar em detalhes porque isso só se sabe no final.
Fora essa questão que deixa Filipa confusa, tem toda a descoberta do sexo, dos garotos, o começo dos namoros, as dúvidas, as decisões. A entrada na zona de perigo da vida adulta, representada pela arma de fogo e pelo álcool. A responsabilidade com os irmãos menores. A necessidade de reinventar as relações diante do desmoronamento da família e das decepções que chegam para ficar.
A fotografia do filme é linda, delicada e quase que ilustrativa. Adorei a primeira e última cenas. Pai e filha, cada um vivendo seu drama pessoal, como se estivessem real, e literalmente, à deriva.

Trailers