CINQUENTA TONS DE CINZA – Fifty Shades of Gray

Cartaz do filme CINQUENTA TONS DE CINZA – Fifty Shades of Gray

Opinião

Acabei de assistir à série britânica The Fall (bom suspense, por sinal) e foi a primeira vez que me deparei como ator Jamie Dornan. Era dele o papel de protagonista e serial killer – um psicopata cruel e enigmático, de poucas falas e muitos olhares. Parece que este tipo de personagem excêntrico se encaixa bem na figura do ator inglês. O bilionário Christian Grey não é um assassino, mas segue na linha das poucas palavras e muitos, muitos gestos e olhares. Deve ter sido escolhido por isso.

E também porque vai arrebatar a plateia feminina. Que fique bem claro: o filme é para mulheres, assim como o livro de E.L. James, que vendeu mais de 100 milhões de exemplares mundo afora. A tão esperada estreia da adaptação para o cinema do primeiro livro da trilogia best seller Cinquenta Tons de Cinza precisava contar com alguém que deixasse a mulherada de queixo caído. Claro que gosto não se discute mas, tentando ser neutra (só tentando…), eu diria que o Grey do cinema tem charme justamente porque não sabemos o que passa na sua cabeça. É controlador, obcecado e muito objetivo. Não topa romance, quer dominar tudo e todos. Nesse quisito, Dornan parece deixar uma aura de mistério no ar, adequada para o tipo de relacionamento que ele passa a ter com a estudante Anastasia, uma moça desastrada e sem qualquer malícia.

Temos um cenário de Cinderela – e é por isso que a trilogia agradou tanta gente. Ele é poderoso, rico, bonito, charmoso, sedutor e solteiro (!); ela é linda, espontânea, ingênua, estilo intelectual-a-espera-do-príncipe e virgem(!). Estão dizendo por aí que o filme não passa de um mommy porn – pornografia dentro dos limites aceitáveis, com um certo ar bem comportado, tudo dentro da zona de conforto que não entrega o que o livro promete em termos de sexo (ora, por que teria que ser explícito?). Seja como for, Cinquenta Tons se saiu melhor do que eu imaginava: o bonito casal tem liga, conta uma história improvável e cheia de itens de um contos de fadas moderninho como helicópteros, aviões, luxo e solidão, e é alimentado por uma paixão que surge para quebrar todas as barreiras. É verdade que o contrato entre Ana e Christian não tem a tensão genuína que surge entre Demi Moore e Robert Redford em Proposta Indecente (1993), mas consegue tirar algumas risadas do espectador que, sinceramente, acho que caem até bem no contexto do filme.

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