O REFÚGIO – Le Refuge

Cartaz do filme O REFÚGIO – Le Refuge

Opinião

O Refúgio venceu o prêmio do júri de San Sebastian e é bem o tipo de filme que agrada a plateia europeia de festival. Diferentemente da brasileira. Tem ritmo mais lento e, por ser sugestivo, passando bem longe dos filmes conclusivos. Gosto da proposta em questão: mulheres viciadas em drogas podem se sentir preparadas para assumir a maternidade? Ou a maternidade seria uma chance de se recompor e se recuperar? Difícil tratar desse tema sem rotular. Em O Refúgio não há rótulo. Há apenas a apresentação de uma realidade.

E essa é a realidade vivida pela protagonista Mousse  (Isabelle Carré, também em Medos Privados em Lugares Públicos). Viciada em heroína, tem a sorte de sobreviver a uma overdose. Seu companheiro padece e ela se vê grávida. Enquanto decide seguir com a gravidez, refugia-se em uma casa de praia, onde vive a solidão, experimenta a carência e a supre com a presença de Paul, irmão de seu namorado.

A construção da personagem Mousse é fragmentada e o diretor François Ozon (também de Ricky, Potiche – Esposa Troféu, O Amor em 5 Tempos) vai dando pistas de como sua instabilidade e escolhas equivocadas se justificam. Do lado de cá, eu fiquei imaginando como uma moça tão desestruturada emocionalmente seria  no papel de mãe. E acho que é essa dúvida que fica no ar: pelo olhar perdido de Mousse e pela sua insegurança em relação à sua própria vida e escolhas, esperamos o final do filme para ver se coincide com essa sensação. Tem seu lado solidário bonito, na relação com Paul, e na própria maneira em que ela se enxerga, ciente de sua imaturidade. Ou sua atitude final seria sinal justamente de que depois de toda aquela experiência ela estaria pronta para agir de forma madura e responsável?

Fica a dica. Mas se não for para pensar e refletir, deixe para outra hora.

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