NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA – DON’T WORRY DARLING
Opinião
Por favor, transportem-se para 1998, com o filme “O Show de Truman. Embora seja de 25 anos atrás, está mais atual do que se pode imaginar. Foi até usado como referência para construir o pôster do @festivalcannes deste ano. A busca pela verdade quando se vive cercado, limitado, na caverna. Platão que o diga!
Arrisco dizer que temos em NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA, uma releitura de O Show de Truman, reafirmando o quanto esta problemática da idealização dos papéis sociais é, não só abusiva, mas extremamente violenta.
Estamos nos anos 1950 e um casal vive feliz em uma casa, naquele padrão do sonho americano: uma casa nos subúrbios, em que o marido sai pra trabalhar sempre no mesmo horário e a mulher fica em casa cuidando de tudo e esperando sua volta. Os universos feminino e masculino são rotulados para cumprir suas funções doméstica/materna e provedor, respectivamente, e assim seriam felizes para sempre.
Acontece que Alice (Florence Pugh) começa a desconfiar. Algo não está certo. Ela questiona, tem alucinações, é reprimida. Seguindo a lógica de que quem não se adequa a um sistema autoritário precisa sair do circuito e ser silenciada, estamos diante de uma crítica política também, mesmo que moldada pelo viés social e comportamental.
Interessante voltar com o tema, pelo olhar da diretora Olivia Wilde. O universo feminino é aqui o centro desta discussão. Se há novidade? Talvez não. Mas a narrativa tem ritmo de suspense e precisamos continuar levantando essa lebre quantas vezes for preciso. Relacionamentos abusivos maquiados de vida ideal precisam ser identificados. É também sobre isso.
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