A JOVEM RAINHA VITÓRIA – Young Victoria
Opinião
A princesa Victoria, futura rainha da Suécia, casou-se em Estocolmo em 19 de junho de 2010. Casou-se com um plebeu, seu ex-personal trainer. Tudo indica que lutou para provar à família que seu pretendente era digno de ser marido de uma princesa herdeira do trono e que o fazia, sim, por amor. Por coincidência, dias depois assisti ao filme A Jovem Rainha Vitória e foi inevitável estabelecer uma correlação entre os dois casamentos – não só por elas terem o mesmo nome, ou pelo fato de a princesa sueca ser da linha sucessória da rainha inglesa ou até pelo luxo da cerimônia em si, mas pelo fato de ambas terem tido a coragem de escolher com quem se casar. Se hoje isso já acontece em várias famílias reais, em meados do século 19 era uma raridade. Parece que a rainha Vitória (Emily Blunt) foi a única a conseguir tal proeza.
O foco do filme de Jean-Marc Vallée não é mostrar o reinado inglês que mais tempo durou (64 anos), nem sua política expansionista que tornaria a Inglaterra o maior império do mundo ou a Revolução Industrial. O foco é justamente a jovem herdeira que se recusa a passar o poder a um regente, que é coroada aos 18 anos (em 1837) e casa-se com o amado alguns anos depois. É a princesa que teve educação rígida e controlada, que luta contra as conspirações e casamentos arranjados, e que escolhe seu primo Albert (Rupert Friend , também em Chéri) como marido – com quem compartilha o gosto pelas artes e pela música, por quem chora a morte prematura e vive o luto até a morte. Curioso pensar na sua postura e nas decisões importantes tomadas por ela em tempos de mudanças – contam, inclusive, que a pontualidade britânica vem do seu rigor pelo cumprimento dos horários. Mas vale dizer que o roteiro não tem nada de especial e que o forte do filme é a reconstituição dessa época.
Em A Jovem Rainha Vitória somos apresentados a todo esse panorama através de uma produção visual impecável. E é essa a faceta especial do filme (levou o Oscar de melhor figurino e concorreu nas categorias direção de arte e maquiagem). É através desse cuidado que somos introduzidos ao recém-inaugurado Palácio de Buckingham, aos figurinos, mobiliários e adereços, aos palácios europeus, ao luxo e às intrigas da época. Apesar do panorama político como pano de fundo, aproveite o passeio pelo poder verdadeiro daquela realeza, em contraposição ao seu lugar figurativo de hoje. Embora ainda haja casamentos reais como da princesa Vitória da Suécia em pleno século 21, já não se fazem realezas como antigamente.
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