Opinião

Western é filme de gênero e tiveram dois no Festival de Veneza este ano. Os dois ] em competição. The Sister’s Brothers é o melhor – vale dizer que o outro é dos irmãos Joel e Ethan Coen, que não dão ponto sem nó, mas, já de saída, não gosto do título (clique aqui pra ver o comentário de The Ballad of Buster Scruggs). Mas The Sister’s tem algo especial, que faz do faroeste algo com alma. E é aí que ele se torna algo diferente.

Ponto para Jacques Audiard, cineasta francês, também diretor de Dheepan, Ferrugem e Osso e O Profeta. “Foi meu primeiro”, disse ele na coletiva de imprensa em Veneza. “Este western tem monólogos internos e topei o desafio de tentar filmar a história do livro.” Sim, o diferente do filme são essas conversas internas, personagens emotivos, faroeste com sensibilidade – se é que isso é possível diante de tanto sangue.

Só foi possível porque os irmãos estão na pele de atores espetaculares, John C. Reilly e Joaquin Phoenix. São assassinos, daqueles matadores de aluguel típicos do gênero, mas existe um tipo de redenção, no momento em que um deles vive uma crise pessoal e passa a questionar a longevidade da “carreira”. Elenco reforçado por Jake Gyllenhaal, The Sister’s Brothers é mais um conto do que um western, como bem disse Audiard. “Não sou fã do gênero, que é algo clássico, monopólio dos Estados Unidos – e eu sou francês”. Na tentativa – bem sucedida – de não se ater aos esteriótipos do gênero, Audiard se aproxima dos personagens e faz um algo diferente.

The Sister’s Brothers é um filme de amor fraternal – opinião John D. Reilly. Western é só pano de fundo. E deixa uma reflexão sobre o andar da carruagem nesses anos todos que se passaram desde que o homem desbravou o oeste americano em busca de ouro e poder. “Desde o século 18, vivemos na violência, na destruição”, reflete. “É relevante pensarmos para onde vamos daqui. Enriquecemos, matamos os índios e os búfalos e aonde chegamos?” Pois é. Western profundo.