MAIS FORTE QUE BOMBAS – Louder Than Bombs
Opinião
Assim como Juliette Binoche em Mil Vezes Boa Noite, Isabelle Huppert é também uma famosa fotógrafa, que percorre o planeta fazendo registros de conflitos, guerras, refugiadas. Vai aonde está o perigo. A desolação. Mas tem família, se ausenta, deixa um buraco. Fisica e emocionalmente. Nela e no filho, no marido, no relacionamento. É como não se encaixasse em lugar nenhum.
Isabelle Huppert é camaleoa. Produz incansavelmente – está em A Religiosa, Dois Lados do Amor, A Bela que Dorme, Amor, Em Nome de Deus, Copacabana, Minha Terra, África e, recentemente em Elle. É sempre um personagem intenso. Em Mais Forte que Bombas, o buraco que ela causa é real. Sofre um acidente, sabemos logo no começo. Mas as suas escolhas de vida também transformaram a vida dos que amava – e aí está o conflito. Como preencher, reinventar, continuar vivendo. Os filhos, o marido, o amante. A fotografia.
O vazio que fica é mais barulhento e conturbado que as bombas que Isabelle tanto buscava retratar. É Joachim Trier também o lindo e perturbador filme Oslo, 31 de Agosto – sobre um jovem que sofre para se recuperar do vício das drogas e voltar à vida normal e ao convívio. O diretor norueguês entra bem fundo nas questões humanas, sem julgamentos, apenas pontua. Mas escolhe os sentimentos mais difíceis. A dor de não conseguir conviver consigo mesmo.
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