NOCAUTE – Southpaw
Opinião
Vi Nocaute sem assistir ao trailer, como costumo fazer, e acho que vou adotar essa medida como regra. Pensando sobre isso agora, percebi que gostei do filme porque realmente não sabia o que ia acontecer, foi tudo surpresa. Uma coisa é você desconfiar que será um déjà vu, associar com filmes sobre o boxe como os tantos Rocky (com Stallone), O Campeão (1979), Menina de Ouro (2004), O Lutador (2008) e O Vencedor (2010). Outra coisa é assistir a um trailer que conta absolutamente tudo que vai acontecer e tira toda e qualquer surpresa. Assim fica fácil dizer que o filme é previsível mesmo, como andam dizendo por aí.
Portanto, se eu tivesse espaço para somente um comentário sobre Nocaute, eu certamente diria: não assista ao trailer. Ele conta a história toda, tira o fator envolvimento e o brilho de filmes como este, em que há momentos repetitivos, mas que nem por isso é menos bacana.
Desabafo feito, vamos ao grande ator que é Jake Gyllenhaal e a um dos motivos que faz este filme valer sim o seu ingresso. Se você não viu O Abutre, assista. É o trabalho anterior do ator, que não foi devidamente valorizado nas premiações do começo de 2015. Além de Nocaute, ele fez Os Suspeitos e O Homem Duplicado – filmes de que gosto muito – e aparecerá ainda este mês em Evereste. Portanto, um sujeito que não para de produzir e produz com qualidade.
Em Nocaute ele é um boxeador de emocional frágil e soco matador, totalmente ancorado na família, que não sabe fazer escolhas sensatas, decide tudo no tapa dentro e fora do ringue. Mas é imensamente amoroso e mostra essa dualidade muito bem. Mais uma vez, Gyllenhaal consegue ser um personagem ambíguo e multifacetado, que envolve o espectador e deixa sempre uma dúvida no ar.
Apesar das situações previsíveis do filme e de algumas passagens serem rápidas demais e até inverossímeis, Nocaute é um filme de superação bem interessante. Southpaw (título original) é a palavra usada no boxe para designar o lutador canhoto, que leva certa vantagem porque é mais difícil copiar ou prever seus golpes. Este é Billy Hope, o cara que vai até o nocaute.
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