MISS VIOLENCE

Cartaz do filme MISS VIOLENCE
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Opinião

Saí do cinema sentindo ódio. Miss Violence é de uma crueldade ímpar e ninguém – ninguém mesmo, acredite – sai ileso. E só dá para sentir ódio desta maneira quando o filme é bom – bom demais a ponto de fazer a gente entrar na história, ficar absorvido por ela, acreditar que aquilo é possível, que existe gente assim. É muito bom. Mas muito, muito cruel.

Miss Violence é do grego Alexandros Avranas, que venceu o Leão de Prata de direção no Festival de Veneza. Não é para menos. Difícil imprimir a tensão que o diretor consegue dar durante os 98 minutos de filme. Um ambiente familiar sinistro, misterioso, controlador, autoritário, manipulado. Tudo começa quando Angeliki, uma garota de 11 anos faz aniversário e se suicida depois de cantar  parabéns – isso está no trailer, não é novidade. A novidade fica por conta dos minutos seguintes, até o desfecho. Nesse meio tempo, embora a gente saiba que há algo de muito grave, não dá para identificar ao certo. Sábia e sutil, a  linha que o diretor traça.

Tão sutil quando os movimentos manipuladores, quanto as atitudes das pessoas dissimuladas. Por isso o filme é um tapa na cara do espectador e faz parar para refletir na marra. A gente assiste à dinâmica de uma família – que não é propriamente uma família como a conhecemos e imaginamos – em que o patriarca fala, os outros obedecem, e o clima de tensão só faz crescer.

Miss Violence vale seu ingresso, principalmente para quem aprecia um bom filme, bem feito, bem delineado e muito bem estruturado, para quem consegue separar o que é o tema do filme e o que é qualidade cinematográfica. Miss Violence foi exibido na Mostra Internacional de São Paulo de 2013 e muita gente não gostou. Os sentimentos de ódio e repulsa são tão intensos, que afetam o espectador profundamente. É verdade, saí do filme abalada, pensando no complicado que são as relações humanas em relação ao exercício do poder e à paralisia causada pelo medo. Mas é filme muito bom, difícil de ser feito assim, com tanta intensidade, tão repleto de silêncios e tão imparcial.

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