O ÚLTIMO CONCERTO – The Late Quartet
Opinião
Este filme foi um dos últimos feitos pelo grande ator Philip Seymour Hoffman. Embora seja de 2012, chega agora aos cinemas brasileiros e acho que o assunto vem bem a calhar. Hoffman faleceu em fevereiro deste ano, vítima das drogas, mas principalmente do mal que assola nossa era: a depressão. Vale lembrar que o cinema também perdeu recentemente o grande Robin Williams, para o mesmo mal.
Por isso falar de O Último Concerto fica ainda mais interessante. Não fala diretamente da depressão, mas da dificuldade das relações humanas, da insana busca pelo sucesso, da incessante busca pela satisfação profissional em detrimento da família, do outro e de si próprio. É aquela velha-nova história da busca eterna por ser aquela pessoa que a sociedade espera que sejamos.
É aqui o ponto de partida para a infelicidade, o desentendimento, a frustração, o desânimo, a depressão. Este filme, estrelado por Hoffman e por outra atriz que gosto muito, Catherine Keener (também em Capitão Philips, À Procura do Amor, Mesmo Se Nada Der Certo), tem um elenco forte e intenso, assim como é a relação do quarteto de cordas que toca há 25 anos juntos. Suas vidas se confundem com a música e ambas são ameaçadas quando o violoncelista, alicerce do grupo, tem que se afastar.
A música sofre um revés, assim como a estabilidade – ou seria acomodação? – de suas relações fica na corda bamba. Com a música clássica de fundo, O Último Concerto faz pensar nessas dificuldades que a vida nos coloca, como se nos testasse diante do mal do século. Deixar sair a emoção e virar a mesa, ou baixar a cabeça e sucumbir ao caminho dolorido da angústia e da frustração? Vale seu ingresso e vale uma reflexão. Se for regado de boa música, melhor ainda.
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