ADEUS, PRIMEIRO AMOR – Un Amour de Jeunesse
Opinião
Um amor de juventude é o título original deste delicado filme francês, que trata do primeiro amor da maneira como ele realmente é. Um primeiro amor que tem aspecto de fim de mundo, de primeiro e único. Um sofrimento atroz, uma vivência intensa, uma entrega total. Até por isso, acho que nunca se dá adeus ao primeiro amor. Ele serve com batismo para os mares nunca antes navegados, para essa sensação de abandono iminente e de dependência. Mas esse é só mais um detalhe sobre títulos e traduções, ilustrando o quanto estão carregados de significado.
Aqui, a parisiense Camille (Lola Créton) se apaixona perdidamente por Sullivan (Sebastian Urzendowsky, também em Caminho da Liberdade, Os Falsários) aos 15 anos. A entrega dela é total, mas ele sente que não pode deixar de viver outros momentos mágicos dessa juventude e tenta, de fato, conciliar essas tantas emoções e descobertas típicas dessa fase. Nem por isso ama menos, mas é ele quem dá as regras do jogo. Consciente da entrega, o amor de Camille dá o tom feminino a esse amor juvenil, é o fio condutor da história. Mas é Sullivan que parte para a exótica América do Sul, é ele quem escreve e deixa de escrever. Camille fica à mercê dessa vontade, toca a vida em frente sem tirá-lo de fato do coração, continua amando sem saber o porquê, até de forma secreta e serena. Tive a impressão que ela já sabia o que estava por vir. Mas o tempo real nunca é o tempo de quem vive um grande amor, e é preciso esperar pelo momento da cura, da virada de página.
Adeus, Primeiro Amor tem um tom de maturidade na figura da séria e concentrada de Camille. Mais parece uma homenagem ao tempo, que inevitavelmente passa e trata de amadurecer o fruto, as relações, os sentimentos. A decisão da jovem diretora Mia Hansen-Love de não incluir cenas altamente dramáticas, possessivas, histéricas nesse contexto de paixão juvenil (o que até caberia levando em conta o envolvimento do casal), presenteou o filme com uma delicadeza impar nas imagens, na fotografia, na fisionomia da jovem arquiteta Camille, que cresce e amadurece na sua falsa fragilidade – ao mesmo tempo em que não se vê sem aquele amor, sabe que é preciso vivê-lo até que se esgotem todas as possibilidades.
Nos cinemas: 16 de dezembro
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