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30º FESTIVAL DE CINEMA DE SARAJEVO – 30th SARAJEVO FILM FESTIVAL

O FESTIVAL DE CINEMA DE SARAJEVO festejou sua 30ª edição este ano selecionando histórias regionais, mas não menos universais. Nascido justamente durante o período em que Sarajevo ficou sitiada na Guerra da Bósnia entre 1992 e 1995, surge do horror da guerra como uma alternativa para o isolamento, a fome, a sede, o frio, os bombardeios, a morte. O cinema era um convite aos habitantes da cidade cercada e privada das mais básicas necessidades. Para que saíssem de casa, para que se encontrassem, para que pudessem conversar sobre um filme, trocar ideias, compartilhar sentimentos através da arte. E, claro, cuidar da alma tão ferida — mesmo que corressem risco de morte ao se deslocar pela cidade por causa dos franco atiradores de plantão.

O Festival de Sarajevo surge deste apelo, resiste, a guerra termina e o cinema permanece como esse recurso indiscutivelmente fundamental para entendimento dos conflitos, para o debate, para a cura ao contar as histórias. Traumas e feridas abertas, assuntos tabus, histórias de pessoas comuns que representam um povo, uma religião, uma decisão, um massacre, famílias destroçadas, cidades destruídas, resistência, necessidade de reconstruir. Na seleção de curtas-metragens exibidos no bloco chamado “Dealing with the Past” (Lidando com o passado), os filmes contam histórias sobre o passado recente da guerra e, na sua seleção estava o vencedor da Palma de Ouro de curta-metragem THE MAN WHO COULD NOT REMAIN SILENT, de Nebojsa Slijepcevic.

A semana do festival de cinema é cheia de vida. É a mais eletrizante semana do ano e não há nenhum outro evento em Sarajevo que mobilize tanta gente como o cinema. Celebração da arte, da vida e da capacidade de diálogo através das diferentes histórias.