VERMIGLIO

Cartaz do filme VERMIGLIO

Opinião

Ao mesmo tempo em que o cenário das montanhas é imenso e magnífico, também é opressor e limitante. VERMIGLIO é um vilarejo isolado, nos Alpes italianos, portanto os horrores da Segunda Guerra parecem estar bem longe dali. Estamos no final, já é 1944, mas nem por isso a família de Lucia vai deixar de ser diretamente impactada por ela. Embora protegida pela distância, a guerra chega até Vermiglio e vai transformá-los pra sempre.

A mãe de Lucia teve 10 filhos, sendo ela a mais velha. Alguns não sobreviveram, o que não é algo incomum. Isolados, contam com recursos médicos mais restritos, o cobertor é curto quando se trata de cuidar de todos e vida que segue seu rumo. O pai de Lucia é o professor da escola local. Homem culto, acredita que a educação faz a diferença, mas investe só na filha que realmente é mais empenhada. O patriarcado é regra, e as mulheres servem à família e a casa. Assim, nada mais natural que as outras irmãs arranjem um bom casamento. Até que um dia, um soldado desertor aparece na vila e é acolhido na casa de Lucia. Pietro se encanta com a jovem, se casam e um dia ele volta pra Sicilia pra ver a família. É a partir daqui que um padrão poderá ser quebrado.

VERMIGLIO tem uma atmosfera fria de montanha. Praticamente inacessível para quem não está acostumado com a região e com aquele modo de vida. É território rural, bucólico, mas também em que não há opções fora dos padrões. A realidade de submissão feminina é real, com a religião servindo como reforço. Além de ter uma beleza plástica, tem uma graciosidade na espontaneidade das crianças da família, que fazem perguntas ingênuas e genuínas, construindo bem a noção das crenças e costumes da família. Como disse a diretora Maura Delpero na coletiva “é uma história de guerra sem bombas”, diz ela. “É um recorte da alma da minha família, um homenagem à nossa memória coletiva”.

 

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