UM FILHO – THE SON

Opinião
Depois de MEU PAI, Florian Zeller retorna com o filme UM FILHO, também baseado em uma peça de teatro de sua autoria. Dito isso, a gente já busca uma semelhança entre as obras, já que MEU PAI, com Anthony Hopkins e Olivia Colman arrebatou 2 Oscars em plena pandemia, ator e roteiro adaptado. E foi bom mesmo. Um filme que trouxe pra perto a realidade do envelhecimento aliado à confusão mental por que passam os idosos muitas vezes. E nos colocou na sua pele, este foi o pulo do gato.
UM FILHO tem a particularidade do título também, já que em inglês é “o filho” (acontece o mesmo no seu filme anterior), em que a mudança do artigo dá uma sutil pincelada naquele filho específico. Acho essa sutileza importante. Muda alguma coisa? Não exatamente, mas é o que eu sempre digo: vamos juntando os signos, sinais, evidências, escolhas pra construir o significado maior da obra. Conta a história de Peter (Hugh Jackman), executivo bem sucedido, que vive com sua segunda esposa, Beth (Vanessa Kirby) e seu bebê. Nicholas (Zen McGrath) é o filho em questão, fruto do casamento anterior com Kate (Laura Dern).
Tudo vai girar em torno de como Nicholas se sente, se comporta e encara a vida. Adolescente, identifica que sente angústia, mas não consegue nomeá-la; identifica seu mal-estar e isolamento, mas os momentos de alegria não são suficientes para impulsioná-lo a viver como qualquer outro jovem: estudar, encontrar os amigos, viajar, se divertir. Decisões são tomadas, a tensão cresce e vamos nos envolvendo com o suspense criado ali. Vamos formulando nossas próprias suposições sobre o caminhos disponíveis e a narrativa me lembrou muito o caminho de Querido Menino, de Felix van Groeningen. Só que aqui é diferente.
O trip Jackman, Kirby e Dern é muito eficiente e nos conduzem pra dentro do drama dos desafios da parentalidade. Sinto pela escolha de McGrath neste protagonismo, que perde força e não alcança o nível dramático necessário nas cenas mais importantes. Pena. Mas, mesmo assim, é uma história potente pelo tema da saúde mental que veio pra ficar. Os recentes A Baleia e Close são prova disso. Saúde mental e ajuda médica especializada estão na pauta do dia. Precisamos desmistificar e falar sobre isso.
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