ÚLTIMA PARADA 174

Cartaz do filme ÚLTIMA PARADA 174

Opinião

ÚLTIMA PARADA 174 é o Rio de Janeiro enquanto microcosmo brasileiro. O sequestro trágico do ônibus 174 no Rio é só o desfecho deste filme – sequestro esse que foi transmitido ao vivo pela televisão, terminou com a morte trágica de uma professora em 2000 e virou o documentário Ônibus 174 de José Padilha (diretor de Tropa de Elite), em 2002. O que este filme mostra são as causas dessa delinqüência, que vão além da pobreza e têm sua raiz na desagregação familiar, na desesperança, no medo, no abismo da desigualdade social.

Com base nesse documentário, Barreto monta a ficção na tentativa de construir o personagem e assim explicar o desfecho. A história de Sandro é igual à trajetória de muitas crianças brasileiras: o menino testemunha o assassinato da mãe na favela carioca, troca a escola pelo centro do Rio, pela cola e pela malandragem. Sobrevive à chacina da Candelária em 1993 porque se finge de morto, é traído pelo amigo-malandro, pela namorada-prostituta e termina na frente das câmeras matando uma professora. É preso e morto no camburão.

A história paralela é a de uma mãe, que procura o filho desesperadamente e adota Sandro como se fosse seu – embora fique claro que ela tinha suas dúvidas. Mas queria ser mãe e acreditar. Termina enterrando o filho.

Vale dizer que a maioria dos atores era da comunidade teatral da favela, portanto atores amadores. Isso dá veracidade à cena. Bons atores. Mas há também a criação de caricaturas (como a do pastor evangélico), que poderíamos passar sem. Mas não chega a atrapalhar. O filme é eletrizante e faz parar para pensar (veja o trailer abaixo). Ter uma família não seria o passaporte para a dignidade, mas ajuda muito, não dá para negar.

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