TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO – soundtrack to a coup d’etat
Opinião
Todo dia recebo a newsletter do The New York Times. Hoje a manchete era: Disputa pelos minerais do Congo. Curioso, é como se tivesse lendo sobre TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO, documentário do belga Johan Grimonprez que foi indicado ao Oscar 2025. Ledo engano. Não é sobre o doc que volta para os anos 1960, em plena Guerra Fria, quando a independência de 16 países africanos ameaça os interesses dos colonizadores. É sobre a sangrenta e violenta disputa entre autoridades e rebeldes ddo M23, da República Democrática do Congo, apoiados por Ruanda, pelos valiosíssimos recursos minerais localizadas no coração da África, o Congo. Recursos hoje mais disputados ainda, já que são matéria prima para celulares, carros elétricos e tudo mais que compõe a nossa era.
Tudo isso pra dizer que o tempo passa, mas os conflitos permanecem e se agravam. Atualíssimo, o documentário tem três pilares básicos: a polarização da Guerra Fria e consequente disputa pela influência política na África nos anos 1960, a disputa pelo urânio nas minas congolesas, e o jazz, usado como ferramenta de propaganda política pelo governo americano, pra disfarçar o colonialismo no Congo recém-independente.
Tanta disputa culmina no assassinato do líder da independência do Congo, Patrice Lumumba, o que gera protesto de músicos no Conselho de Segurança da ONU, totalmente à mercê dos interesses econômicos e colonialistas europeus e americanos.
Intercalando imagens reais dos chefes de estado na ONU, dos protestos dos congoleses, das performances musicais dos jazzistas como Nina Simone, Louis Armstrong, Thilonious Monk, Diz Gillespie, somos envolvidos no emaranhado político sujo e degradante da cúpula imperialista que culmina em golpe de estado e no complô para eliminar quem poderia causar insurgências e tumulto. Parece hoje. O The New York Times não me deixa mentir.
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