TOMBOY

Cartaz do filme TOMBOY
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Opinião

Tomboy é o termo em inglês para meninas que se comportam e se vestem como meninos. Preferem a companhia de meninos, querem usar bermudas largas e camisetas, cortar o cabelo curto e optam pelas brincadeiras e jogos masculinos. É como se a menina desejasse ser menino – uma escolha fora dos padrões estabelecidos de comportamento, assim como ocorre também com meninos que se encantam com o universo feminino. Chamado Transtorno de Identidade de Gênero, faz com que a criança não se identifique com outras do mesmo gênero, o que pode causar dificuldade de aceitação, sociabilidade e problemas futuros de auto-estima.

Tudo isso para dizer que, diante de uma questão tão complexa como essa, a diretora Céline Sciamma conseguiu tratar o assunto com uma delicadeza impar, sem qualquer julgamento de valor. Digna de ser vista, com toda a reflexão que ela gera sobre os conceitos de masculino e feminino, sobre a postura dos pais, as expectativas da sociedade, a chamada  harmonia entre sexo (genético) e gênero (construído).

O “tomboy” em questão é Laure (Zoé Héran, atuação impressionante), que se veste como menino, se comporta como tal e realmente finge, para pessoas que não o conhecem, que é um garoto. Cria uma nova identidade, um nome (Michaël), com a qual passa a se relacionar com as outras pessoas. No começo do filme, realmente dá a impressão de que Laure é um menino. Ainda mais diante da super feminina Jeanne (Malonn Lévana), sua irmã mais nova, que tem tiradas ótimas e engraçadas. O que começa com um jogo interno da própria Laure para integrar-se com a nova turma, para ser aceita, torna-se um beco sem saída. Claro que a mentira não pode ir muito adiante, mesmo com a ajuda e cumplicidade da espirituosa Jeanne e com o encanto que desperta na jovem Lisa.

É claro que os pais se dão conta de que algo é diferente. As preferências de Laure são explícitas, mas parecem não incomodar. Pelo contrário. O carinho e delicadeza deles (Sophie Cattani, também em Feliz que Minha Mãe Esteja Viva) com as filhas é imenso e genuíno, ressaltando ainda mais a questão do vínculo familiar como fonte base para lidar com questões como esta. Tratar o assunto com naturalidade e compreensão foi uma escolha da diretora ao construir o perfil da família. Sem sofrer pressão da sociedade, os pais de Laure demonstram uma aceitação incondicional, desde que ela não enverede pela mentira, que nesse ponto já mexe com normas éticas de conduta. Apesar disso, a visão adulta não interfere no filme. O que prevalece é a visão infantil, pré-adolescente, da descoberta da sexualidade, do sexo oposto, da mudança de corpo, dos interesses pessoais, da individualidade. São os olhos de Laure que dão o tom do filme e é isso que o faz ser tão natural e genuíno.

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