SHE CAME TO ME

Opinião
A 73ª BERLINALE foi oficialmente aberta com SHE CAME TO ME, filme que é uma celebração ao cinema que encanta e faz sorrir. Um filme americano, da produção independente, com uma pegada de romance, inteligência e humor que nos conduz àquele momento gostoso da contação de história. Quando a história tem bons personagens, uma construção que às vezes parece fabulosa — no sentido da fábula —, mas em que, de uma forma ou de outra, a gente se espelha ou, na pior das hipóteses, fica pensando sobre a máxima que-bom-seria-encontrar-alguém-que-mudasse-mesmo-a-minha-vida.
A diretora Rebecca Miller, também de O Plano de Maggie, contou na entrevista coletiva no Festival de Berlim, que teve a ideia para fazer o filme juntando três premissas. A primeira: queria contar a história de um personagem que estivesse emocionalmente bloqueado e, da maneira mais improvável, encontra alguém que muda a sua vida; a segunda seria construir um romance entre adolescentes, que confessassem um ao outro que, mesmo se não ficassem juntos, passariam a vida imaginando onde o outro estaria; e, por fim, que trouxesse um personagem com uma relação secreta com Deus, em que a religião estivesse inserida.
E assim foi: um compositor (Peter Dinklage), que precisa entregar uma nova ópera, está em crise de criatividade, quando conhece a dona de um rebocador (Marisa Tomei — brilhando, diga-se de passagem), que muda sua perspectiva; os adolescentes estão apaixonados e vivem um amor proibido; mas resolvido com ajuda dos personagens que se cruzam na narrativa e da mãe da garota (Joanna Kulig — ótima atriz polonesa em seu primeiro papel em filme americano). A religião fica a cargo da psiquiatra (Anne Hathaway), que tem mania de limpeza e alimenta a tal da relação secreta com Deus, que é casada com o compositor e mãe do garoto apaixonado.
Tudo isso pra dizer que SHE CAME TO ME brilha na abertura do festival, que teve também o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky dando seu recado por vídeo aos espectadores na cerimônia da sessão de gala. O título remete ao encontro improvável, de alguém que simplesmente se aproxima, chega chegando e, quando vê, já transformou tudo pra sempre.
Sempre que penso nisso fico feliz de ter uma história desse tipo pra chamar de minha!
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