Opinião

Desde que foi dada a largada para a luta contra o narcotráfico no México, estima-se que mais de 90 mil pessoas desapareceram. A história de RUÍDO traz este panorama desolador em que se encontram os mexicanos, através da história de Julia, que procura sua filha desaparecida.

RUÍDO é duro de ver. O desespero de Julia chega a doer na gente. Intimista, repercute com um barulho ensurdecedor. Faz um ruído que não é pra qualquer hora. Não é para qualquer um. É preciso estar disposto a enfrentar este retrato da realidade de uma juventude perdida, sem esperanças. E do estrago imensurável que faz a corrupção e a sede de poder na sociedade e na vida das famílias. É parte do que somos — e por isso impressiona ainda mais.

Filmes latino americanos têm trazido estas histórias com uma força que me desmonta. Chama pra reflexão, pra conversa, pra tomada de consciência. E, claro, pra dor que sentem mães, esposas, maridos, filhos, ao mesmo tempo que também nos chama para a força do coletivo. É nele que os esforços se multiplicam; é nele que ainda é possível encontrar um sorriso e um abraço no meio do caos.