PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM – Rise of the Planet of the Apes
Opinião
Um planeta dominado pelos macacos chega a assustar. Ainda mais agora, que achamos que estamos com o jogo ganho, que está tudo dominado – apesar da vista grossa que fazemos diante de tanta destruição. Mudar as regras do jogo no final, não vale. Como assim, ninguém avisou que era possível? Agora que destruímos grande parte das florestas e do habitat natural dos chimpanzés, se eles resolverem tirar a desforra, vão invadir a ‘nossa praia’. Nossa sim. Porque somos mais inteligentes, somos a evolução. Mas e se fosse o contrário e o espírito dos macacos, liderados por Caesar, fosse só e unicamente vingativo? Sobrevivemos nós, ou sobrevivem vocês – diriam eles.
E até isso eles acabam fazendo: se apropriam da fala, diferencial humano. Ultra-inteligentes, os chimpanzés do filme são animais criados em cativeiro, para serem usados em pesquisa científica. Will Rodman (James Franco, também em 127 Horas, Milk – A Voz da Igualdade, Comer, Rezar e Amar) é o cientista responsável pelo desenvolvimento de drogas que possam curar males como o Alzheimer, usando chimpanzés como cobaias – coincidentemente (ou nem tanto) seu pai (John Lithgow) sofre da doença. (Nesse ponto, vale dizer que o filme toca no tão questionado poder da manipulação genética, da mudança do curso natural das coisas e dos seres, sempre ligado à ambição pelo poder e pelo dinheiro.) Porém, uma reação adversa nos testes faz com que os animais tenham que ser sacrificados e Will acaba salvando um filhote que será Caesar (Andy Serkis, também na série O Senhor dos Anéis), o líder dos macacos. Caesar adquire modos de seres humanos, é criado por Will, seu pai e sua namorada Caroline (Freida Pinto, também em Quem Quer Ser Um Milionário, Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos) e a relação vai bem até que, num instinto de defesa, mostra sua fúria e não pode mais ser mantido livre. A partir do seu encontro com outros da espécie e com a possibilidade de virar o jogo, o filme ganha um compasso de suspense e horror.
Digo horror sim, pela veracidade das imagens. Não são atores vestidos de ‘macacos’. São atores representando macacos, graças à tecnologia e a destreza dos profissionais envolvidos. A cena da Golden Gate é impressionante e impecável. A gente chega a acreditar que é realmente verdade. Os gestos são simulações humanas, o olhar é praticamente humano – e o pesar também, principalmente. Caesar aprendeu com o bem intencionado Will a ser ‘gente’, mas sua turma não teve o mesmo mestre. Portanto, a sugestão – e do jeito que foi finalizado, já é uma obrigação – de sequência provavelmente vai mostrar o quando Caesar será capaz de formar e formatar o seu exército. E se conseguirá manter a sua boa índole animal. Ou será instinto?
* O filme O Planeta dos Macacos, de 1968, dirigido por Franklin J. Schaffner, mostrava um astronauta desembarcando em um planeta liderado por macacos, onde humanos eram escravizados. A ideia rendeu continuações e uma série de televisão – esta última mais fresca na minha memória. Agora que o tema está de novo nos cinemas, seria interessante rever, até do ponto de vista da produção e da tecnologia.
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