Opinião

Pra quem não está familiarizado com a obra — e relevância — de Cacá Diegues, o documentário PARA VIGO ME VOY é um apanhado que traça um panorama humano e muito sensível sobre o diretor, que foi um dos principais nomes do Cinema Novo, movimento que rompeu com os filmes comerciais e artificiais consolidado nas décadas de 1960 e 70 e bancou um cinema socialmente crítico, politicamente engajado, com linguagem realista.

Retoma este momento trazendo referências dos filmes e atores, entrevistas e bastidores, inclusive retrata Cacá na sua intimidade entre familiares e amigos. Um recorte através do tempo, mostrando como a maneira de traduzir a realidade para o cinema realista, de baixo orçamento, com diálogos naturalistas e atores não-profissionais, com temas ligados à miséria, fome, política, desigualdade social abriram caminho para a retomada do cinema brasileiro na década de 1990.

Didático na medida, sem ser professoral nem monótono, PARA VIGO ME VOY sugere esse movimento que traz o título. Algo que inova, alguém que manifesta o que pensa, em imagens e palavras, e deixa seu legado cultural incontestável.