OS EUA X JOHN LENNON – The U.S. vs. John Lennon

Cartaz do filme OS EUA X JOHN LENNON – The U.S. vs. John Lennon

Opinião

Passou na Mostra de Cinema de São Paulo e infelizmente ainda não foi lançado em DVD por aqui. Assim que sair, aviso. Este documentário sobre a resistência aberta que John Lennon fez à política de guerra norte-americana é contado através de depoimentos atuais de peças-chave da época, assim como pela voz de Lennon.

Entre as figuras importantes, estão agentes do FBI, ex-colaboradores do governo Nixon, ativistas, escritores, jornalistas, ex-combatentes de guerra, Yoko Ono. Gente influente que esteve ou nos bastidores da Casa Branca arquitetando para deportar Lennon, ou na defesa do ex-Beatle pela paz mundial, pelo fim do racismo e pelo fim da guerra do Vietnã no fim dos anos 60 e começo dos 70. Essa montagem é muito interessante e bem feita. As imagens de Lennon e Yoko dos protestos para chamar a atenção do mundo para a sua causa, a indignação dos jornalistas diante do talento “desperdiçado” em prol da idealista paz e a capacidade de angariar simpatizantes é impressionante. Até mesmo os agentes do FBI, que grampearam seus telefones e seguiam seus passos como se fosse um criminoso, dizem que tudo não passou de um exagero. Mas de fato havia um temor de que o emblema “John Lennon” fosse uma ameaça ao status quo e ao que a Casa Branca desejava na época. Na dúvida, era melhor agir.

Fato é que ele realmente reunia uma multidão, era contra toda a campanha americana de guerra e conseguia ganhar as manchetes e a atenção das pessoas, principalmente quando o refrão era “all we are saying, is give peace a chance“. Respaldado por sua esposa Yoko Ono, Lennon levanta a questão importante da responsabilidade do artista que tem voz, palco e público, contra a apatia. Responsabilidade não só de entreter, mas de lutar e representar quem não tem como chegar no palanque. Mas é preciso ter coragem. Fiquei pensando na situação de quem, aqui no Brasil, colocou a boca no trombone durante a ditadura. Não foram poucos e as consequências, brutais. Lennon também foi corajoso, e nem americano era. Gostei do seu argumento: a causa era mundial e ele tinha que dizer a que tinha vindo.

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