OPPENHEIMER

Opinião
Oppenheimer tem 3 horas de duração e vale cada minuto. Não deixe que isso seja um empecilho e fique atento — são muitas informações. A montagem imprime ritmo acelerado, em formatos diferentes, seja texto ou imagem, que precisam ser amarradas. Também na sua cabeça. Mais um motivo pra assistir nos cinemas. Na abertura do filme, o diretor Christopher Nolan avisa, em alto e bom tom, que o filme foi rodado pensando na tela grande. Faz toda a diferença.
Faz diferença porque estamos lidando com bomba atômica: explosões, jogo de luzes, cenas que nos direcionam ora para o momento decisivo da Segunda Guerra, ora para o jovem físico em formação buscando seu lugar ao sol, ora para a caça às bruxas que viria depois e seus julgamentos egocêntricos políticos.
J. Robert Oppenheimer, físico teórico americano, foi o pai da bomba atômica. Ele coordenou as operações no laboratório de Los Alamos, na Califórnia, na Segunda Guerra. Lá foram feitos os estudos com armas nucleares e foi em Los Alamos que as bombas de Hiroshima e Nagasaki, que colocaram um ponto final na Segunda Guerra e iniciaram a corrida armamentista da Guerra Fria, foram testadas.
O elenco é estrelar: Cillian Murphy, Emily Blunt, Florence Pugh, Matt Damon. Tem até Kenneth Branagh. Todos brilham, mas quem ofusca é Robert Downey Jr. na pele de Lewis Strauss — chefe da comissão de energia atômica dos EUA, cujo tiro sai pela culatra.
Oppenheimer fala da bomba nuclear como solução para a guerra e do armamento como algo primordial, daquele momento em diante, como política de segurança nacional; fala de meandros políticos, mas também de Albert Einstein, do nazismo e do extermínio dos judeus.
Compara a física com a música, nos dizendo que não basta saber ler uma partitura; é preciso saber ouvir a música. Oppenheimer sabia que sua “música” tocaria e que não seria em alto, mas não em bom tom.
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