O FILHO – Le Fils

Cartaz do filme O FILHO – Le Fils
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Opinião

Você precisa realmente gostar do estilo dos diretores belgas, os irmãos Dardenne, para apreciar sua obra. Duas escolhas dificultam muito este processo: o tema e a linguagem. O tema porque invariavelmente eles tratam de questões humanas e sociais profundas e cruéis, como o abandono de crianças pelos pais, o crime adolescente, a falta de perspectiva do jovem, o excluído, o ilegal, a desconstrução familiar, portanto assuntos difíceis, que incomodam, criam um profundo mal estar no espectador; a linguagem, a forma, porque há pouquíssimos diálogos, só o essencial é dito, o ritmo é lento, sendo um exercício de observação e acompanhamento do personagem, bem perto de suas angústias.

Tendo isso em vista, O Filho não difere de suas outras produções também premiadas como O Silêncio de Lorna, A Criança e O Garoto da Bicicleta – muito embora este último tenha um toque de esperança que os outros não possuem. É seco, duro. Chega a ser árduo, é só reparar nos sentimentos, na figura do protagonista Olivier (Olivier Gourmet), que venceu o prêmio de melhor ator em Cannes pelo papel. Como chefe de uma marcenaria que acolhe e ensina o ofício a meninos que saem de um reformatório, ele vive o drama pessoal da perda do filho. Metódico, gentil mas apagado, revive essa dor quando Francis, o garoto que o matou, é um dos meninos que são enviados para sua inserção na sociedade através do aprendizado de uma profissão em sua marcenaria.

Passamos o filme todo seguindo – perseguindo, melhor dizendo – os passos de Olivier; e Olivier, por sua vez, passa o filme todo espionando os passos de Francis. A câmera os segue bem de perto, nos mostra movimentos repetitivos e detalhados da rotina, seus gestos, sua respiração, sua ansiedade. Apresenta a questão desse relacionamento inesperado e improvável e tem um final absolutamente inacabado – se é que isso é possível. Marca dos irmãos diretores, não apresentam desfecho, não concluem nada, pelo contrário. Transferem a responsabilidade do final para o espectador, que fica se perguntando qual a probabilidade de tal e tal situações continuarem. Por essa e outras que disse no começo deste comentário que é preciso gostar do estilo para apreciar a profundidade da proposta e conseguir chegar no final do filme para “comprar” a reflexão proposta. Dos Dardenne, não espere pacote fechado. Eles passam adiante a batata quente sobre o mistério das relações.

 

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