MI IUBITA, MEU AMOR – Mi Iubita, mon amour

Opinião
Quando a gente observa que está por trás de um filme, seja no roteiro ou na direção, tudo muda de figura. Pensar que MI IUBITA, MEU AMOR tem Noémie Merlant e Gimi Covaci na escrita deste roteiro a quatro mãos, pensar que eles também atuam no filme e formam o casal improvável que vive uma paixão fulminante faz a história ser ainda mais potente. E, claro, quem dá o tom deste romance e da aventura não planejada das amigas pela Romênia é a própria Noémi, que desponta na direção neste seu primeiro longa, prometendo ser uma voz e um olhar talentosíssimos também atrás das câmeras.
Sim, porque na frente das câmeras Merlant já dá show. Está no premiado RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS, mas também em UM ANO, UMA NOITE, que concorreu ao Urso de Ouro em Berlim este ano (2022). Ótimo, por sinal. Aqui, Merlant é Jeanne, uma moça que está de casamento marcado e sua despedida de solteira será uma viagem à Romênia com três amigas. Viajam de carro, sofrem um percalço logo no começo da viagem e são acolhidas por uma família de ciganos. Neste família está Nino, um adolescente de 17 anos que passa temporadas na França fazendo bicos e tentando uma vida melhor. De tempos em tempos, ele volta pra Romênia porque ali é seu lugar.
Dividido em duas partes nítidas, MI IUBITA, MEU AMOR mostra, na primeira metade, as amigas conhecendo o modo de vida dos ciganos e se integrando a ele; na segunda parte, é Nino que interage com as francesas e como sua maneira de ver o mundo. Através de um texto sensível e significativo, dos olhares entre os personagens, dos enquadramentos fechados e intimistas, da câmera na mão inferindo naturalidade e espontaneidade, o filme apresenta uma história de amor tão improvável quanto fascinante, com pinceladas importantes e universais sobre a difícil integração de ciganos na França e imigrantes de modo geral, sobre comportamento humano, sobre liberdade, casamento, amizade.
Vida longa à carreira de Noémi Merlant como diretora. Filmes como este compartilham as experiências mais preciosas e inesquecíveis. Sabe disso quem já sentiu essa paixão de verão e já chorou por este amor, como chora Jeanne na cena final.
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