MARCELLO MIO

Cartaz do filme MARCELLO MIO

Opinião

Além da diversão que deve ter sido participar do elenco de MARCELLO MIO, o que fica pra mim é ele representa a “crise existencial” de uma nepo baby duplamente privilegiada  — tirando sarro, claro, porque nepo baby é associado à falta de mérito de quem nasce em berço artístico esplêndido. Filha de Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni, Chiara tem talento próprio e disso ninguém duvida. Por isso, inclusive, que o filme é leve, divertido e revisita esses lugares da herança emocional e, neste caso, semelhança física.

Chiara vive justamente uma personagem como ela. Ela é atriz, se chama Chiara, sua mãe é Deneuve e ela está justamente fazendo teste para um papel num filme. O gatilho para Chiara questionar sua identidade é quando a diretora pede que ela seja “menos Deneuve e mais Mastroianni”. Assim, ela se dá conta de que é vista como filha de dois famosos e não como Chiara Mastroianni.

Uma crise de identidade se instala e a brincadeira começa. Todos os personagens tem os nomes reais dos seus respectivos atores e Chiara se perde na figura paterna de tanto que dizem que eles se parecem. Vestida de Marcello, com nome do pai, se pergunta “quem sou eu além de filha deles”? Uma pergunta que pode até passar pela cabeça dos nepobabys, filhos de famosos que já tem a vida ganha graças a isso, mas que obviamente é uma sátira diante de todas as facilidades e portas abertas que o fato de ser filha de duas celebridades proporciona.

Apresentado em Cannes, MARCELLO MIO é uma brincadeira com o ícone, suas andanças e manias, seus amores e Catherine, e com Chiara, que claramente construiu uma carreira por mérito, embora, é claro, já tenha largado na dianteira de todo o resto dos mortais.

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