MALU

Cartaz do filme MALU

Opinião

Como faziam falta filmes sobre a alma feminina e suas múltiplas camadas! Sobre a alma e dilemas. Dilemas e relacionamentos. A notícia boa é que temos, cada vez mais, histórias de mulheres, para todos. MALU, inspirado livremente na mãe do diretor Malu Rocha, é uma dessas pérolas. Sem malabarismos nem excessos, traz esta mulher na sua idade madura, com seus sofrimentos escancarados, que ela só é capaz de maquiar pra si mesma.

Pra todo o resto, inclusive nós, MALU sofre visivelmente. Pra ela, o difícil é confessar isso pra si mesma. Atriz, trabalhou no passado, fez parte da resistência na ditadura junto com outros artistas, casou, teve uma filha, se separou. Ainda sofre os traumas do divórcio, da ruptura. Cercada das mulheres da sua vida, filha e mãe, Malu vai sendo percebida por nós através delas. Sobre as feridas abertas, sobre a falta de grana, sobre os excessos e faltas que a vida apresentou e sobre escolhas. Desafios enormes que nos guiam (e nos atordoam) durante a jornada de decisões a serem tomadas.

Malu mora em uma casa em uma favela, entre tapas e beijos convive com sua mãe, fica anos sem ver Joana, que volta da França e junto vem mais tensão. Uma comunicação truncada, violenta, com rompantes de tristeza, sofrimento e uma saúde mental que se deteriora. MALU é sobretudo humano. Belo e sensível. Tem alma.

 

MALU foi o grande vencedor do Festival do Rio: Melhor Longa-Metragem de Ficção (junto com “Baby”), Melhor Roteiro (Pedro Freire), Melhor Atriz (Yara de Novaes) e Melhor Atriz Coadjuvante (prêmio duplo para Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha).

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