Opinião

ÍMAGO é um termo que pode ser visto por dois prismas. O primeiro é o biológico: refere-se à fase adulta de um inseto, quando ele já concluiu a metamorfose e passou de larva para a maturidade. O segundo, vai pra psicanálise: significa a imagem inconsciente que formamos sobre pessoas importantes na vida e que vão moldar as suas relações do mundo adulto. Faz sentido se pensamos no protagonista Déni Oumar, que volta para seu vilarejo natal na Geórgia, perto da Chechênia, de onde saiu criança fugindo da guerra. Déni retorna e revisita a sensação de pertencimento e maturidade. Suas relações, agora adultas, com familiares e com o próprio lugar são protagonistas desta história.

Vencedor de melhor documentário no Festival de Cannes, ÍMAGO acompanha a viagem que Déni faz ao Cáucaso. Vivendo na Bélgica, ganha da mãe uma terra na sua vila natal e lá quer construir uma casa na árvore — antigo sonho de criança. Ao se encontrar com moradores da região e familiares, entendemos como as tradições são arraigadas e moldam o comportamento das famílias. Já passou da hora dele se casar, formar família e atender as expectativas de uma população acostumada a se importar com o que os outros vão dizer. Esse é o registro mais valioso do documentário: expor as diferenças culturais entre os povos, ditando o comportamento não só das famílias, mas de toda a vila.