HOLY WEEK

Cartaz do filme HOLY WEEK

Opinião

Diferente de outros festivais de cinema europeus como Berlim, Veneza e Cannes, os filmes em competição na categoria principal aqui no Festival de Sarajevo não obrigatoriamente estão sendo exibidos pela primeira vez. O que eu vi hoje, HOLY WEEK passou na Berlinale no começo de 2024, mas lá não consegui assistir.

Do diretor romeno Andrei Cohn, este filme que pode ser tranquilamente traduzido como “Semana Sagrada”, conta uma história sobre intolerância religiosa, mas é mais do que isso. Como bem disse o elenco na coletiva, “é sobre justiça humana”. Faz sentido. Diante da nossa experiência trágica da intolerância religiosa, falar das injustiças humanas através da religião me parece bastante didático. Nem precisaria, porque é só parar pra pensar que não há razão pra achar que seu credo é mais verdadeiro do que o dos outros. Mas como não é a razão que manda neste caso, o andar da nossa carruagem neste mundo esta engatado na marcha a ré.

O filme nos leva para o final do século 19, num vilarejo romeno, em que uma família judia emprega um ajudante cristão. Diálogos preconceituosos e manipuladores, realidades distorcidas num ambiente antissemita são o estopim para o desentendimento, levado às últimas consequências. Tudo isso justamente na semana da Páscoa, o que justifica o título.
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É século 19, mas vale pra hoje. O papel feminino é vanguardista, numa personagem à frente do seu tempo, que questiona e contesta a submissão e o silenciamento femininos. Símbolo de resistência, formando um casal lindamente construído na dinâmica da união e da escuta mútua. Esta é a pérola do filme no meio de tanta discórdia.

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