GUERRA FRIA – Cold War
Opinião
Por Suzana Vidigal
Da Polônia no pós-guerra vem a imagem da reconstrução de um país, agora sob as rédeas soviéticas. É o pano de fundo de uma história de amor que acontece apesar de todo os pesares. Guerra Fria, indicado polonês ao Oscar de filme estrangeiro em 2019 (Pawel Pawlikowski já levou esse prêmio por Ida, em 2015), é essencialmente belo – na linguagem visual, na fotografia em preto e branco, na história original e na atuação emocionante dos atores. Mas desolador, na complexidades das vidas daqueles tempos difíceis.
Guerra Fria conta a história de uma famosa companhia de dança folclórica polonesa, que se instala no interior do país para buscar novos dançarinos e cantores. Uma jovem cantora se apaixona pelo pianista e dono da companhia, e as escolhas dos protagonistas passam a ser pautadas por esse relacionamento e todas as limitações que nasceram daí. Passando pela Polônia, Berlim, Iugoslávia e Paris, a Europa da Cortina de Ferro é mostrada na repressão, no nacionalismo, na propaganda socialista, no exílio, no clima de medo e espionagem, decadência e crise.
De beleza ímpar, é uma homenagem aos pais do diretor, que viveram uma história turbulenta, de exílio e encontros. Guerras internas, com a frieza necessária para enfrentar tempos em que as escolhas custavam vidas e dividiam famílias definitivamente.
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