GRAND CENTRAL
Opinião
Léa Seydoux é mesmo a bela da vez. Sua imagem estourou mundo afora no filme Azul é a Cor Mais Quente (também em cartaz), que ganhou repercussão por ter ganho a Palma de Ouro tripla em Cannes: para as duas protagonistas e para o diretor. É também o seu olhar que chama tanta atenção em Adeus, Minha Rainha, e vagamente me lembro da charmosa moça da feira em Meia-Noite em Paris e da dona do cinema em Bastardos Inglórios. Mas ao seu lado está o também charmoso e talentoso Tahar Rahim, do ótimo O Profeta, e do intrigante, pouco conhecido, Perder a Razão (Príncipe do Deserto eu deixo pra lá…). Tudo isso pra dizer que a dupla arrasa, tem uma liga incrível e realmente transmite toda a paixão que vivem em cena.
Tendo dito isso, é claro que Grand Central é “para ver bem acompanhado“. Mas também encaixa-se na categoria “para pensar“, já que a trama se passa em uma usina nuclear na França, onde os funcionários são expostos à radiação e a todos os riscos de saúde decorrentes dela. Filmado em uma usina desativada, Grand Central foi selecionado para a categoria Un Certain Régard de Cannes (que eu adoro) e conta a história de Gary Manda, um sujeito simples e sem preparo técnico, em busca qualquer trabalho que lhe renda algum dinheiro. Indicado por um amigo, vai parar nessa usina e apaixona-se por Karole, mulher do seu supervisor. Como acontece em locais ermos de trabalho, as famílias moram juntas em vilas operárias, o que constrange e dificulta ainda mais a situação do jovem casal.
Intenso, assim como os dois protagonistas. Olhares marcantes e misteriosos, tanto Léa, quando Tahir. Aquece o romance e cria um clima de incerteza e escolhas difíceis. Ao mesmo tempo, levanta a questão atual da segurança das usinas nucleares, tanto para o meio ambiente, quanto para os trabalhadores, que devem passar por processos de descontaminação severos, sob pena de terem sua saúde prejudicada para sempre. Tem um bom mix dos dois elementos, mas sem dúvida é do romance que você vai se lembrar quando sair do cinema.
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