FRANKENSTEIN
Opinião
Guillermo del Toro de novo trabalhando a união e a ruptura entre criador e criatura, sinalizando quem imita quem e até que ponto criamos aquilo que nos falta. Digo de novo porque o tema veio em também na sua releitura de Pinóquio (2022, Netflix), que pode parecer sombrio (e é), mas não demais da conta. Com códigos e ideias do clássico, adapta a história do boneco de madeira com o pincelar único de quem sabe do que aberrações são capazes no nosso imaginário.
FRANKENSTEIN repete este modelo, em teoria. No sentido de ser uma adaptação de um clássico literário que faz parte absoluta do nosso imaginário popular. Tão popular que chegamos até trocar as bolas, ou melhor, os nomes. Na verdade, o Frankenstein é Victor, o cientista que criou o monstro, mas de tão simbióticos que são criador e criatura, acabamos por chamá-la pelo sobrenome do seu inventor. Tudo junto e misturado ou, pelo menos, é assim que damos significado à aberração remendada e criada, abandonada por ser inadequada, para enfim desenvolver sua agressividade, mas também humanidade. Assim, o ciclo de fecha entre criador e criatura e a história é recontada com tintas — e tecnologias — da atualidade.
Frankenstein de del Toro tem uma direção de arte exuberante, uma história que discute causa e consequência nas nossas decisões, ambições e criações, os limites da ciência (existem?), a imortalidade de obras que são atemporais. Sem falar, claro, do prazer de assistir ao filme na tela grande com tudo que uma grande aventura tem direito.

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