ENTRE DOIS AMORES – Out of Africa
Opinião
Entre Dois Amores é uma história real, escrita com base nas memórias deixadas por Karen Blixen (vivida por Meryl Streep). Além de toda a beleza do filme – nisso incluo as paisagens africanas, o figurino e a ambientação, o romance entre uma mulher determinada, além do seu tempo, e um homem “sem raízes” (Robert Redford) – o mais prazeroso foi revisitar o contexto dos anos 1914.
Engraçado como os filmes nos tocam de forma diferente de acordo com a fase da vida e com a bagagem que acumulamos. Lembro-me de Entre Dois Amores como um filme plasticamente bonito, romântico e triste ao mesmo tempo.
Mas agora fiquei reparando na produção de café em que a dinamarquesa Karen Blixen investe nos confins do Quênia, nos detalhes da colheita, da lavagem e secagem do café; fiquei pensando na colcha de retalhos que se tornou a África nas mãos dos colonizadores, como se suas terras fossem troféus. O Quênia era então colônia inglesa, mas a vizinha Tanzânia, alemã. Quando estoura a Primeira Guerra, os vizinhos também se estranham e tudo passa ao comando real britânico com a derrota da Alemanha após a guerra. Interessante o cinema, que tem esse poder de resgatar a história e nos fazer refletir sobre a dominação das culturas e povos. Mesmo que seja sob os olhares apaixonados desse improvável casal.
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