EAGLES OF THE REPUBLIC

Cartaz do filme EAGLES OF THE REPUBLIC

Opinião

Ficção e realidade se mesclam aqui e Tarik Saleh não se acanha em dar nome aos bois, digo, ao presidente. Numa crítica explícita ao autoritário ditador Abdel Fattah el-Sisi, o diretor e roteirista sueco-egípcio faz seu terceiro filme de cunho político sobre o Cairo (The Nile Hilton Incidente e Garotos do Céu) — sempre recheado de conspirações e suspense pra denunciar como o Egito tem sido comandado a ferro e fogo.

Fogo literalmente, mas não desde o começo. A trama de EAGLES OF THE REPUBLIC começa com o filme dentro do filme — que, por sinal, foi filmado na Turquia, já que no Egito não há como produzir uma história de denúncia como esta. O ator Fares Fares faz o papel justamente de George El-Nabawi, um ator superfamoso que é escalado para fazer um filme sobre o presidente el-Sisi (que tem exatamente este nome no filme). É claro que censores estão presentes no set para garantir que a produção seja uma verdadeira peça de propaganda política. Quem se opõe, paga caro. George começa assumindo uma posição de galã e celebridade que jamais será atingida, só que o jogo muda. De paródia, o filme vira um thriller, com direto a perseguição, ameaça, suspense e fogo cruzado.

Com ótimo ritmo, vai direto ao ponto e dialoga, infelizmente, com o filme de Jafar Panahi. Numa linguagem diferente, claro, mais convencional a ponto de até parecer só uma peça de ficção. Mas, recado dado. Com nome e tudo.

 

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