CHE 2 – A GUERRILHA – The Argentine – Guerrilla
Opinião
Esta semana li uma notinha em uma revista semanal sobre os 100 dias de greve de fome do jornalista cubano Guillermo Fariñas, que pede a libertação de presos políticos doentes. Essa luta dos dissidentes de Cuba sempre impressiona pela intensidade e gravidade da situação. Lembrei que fiquei devendo a continuação de Che – O Argentino. Mais que merecida. Che 2 – A Guerrilha é um filme muito interessante, longe da idealização do mártir Che e bem perto da realidade que vemos hoje em Cuba.
A primeira parte da vida de Ernesto Guevara, pelo olhar criterioso de Steven Soderbergh, termina com Fidel e Che no poder, liderando em Cuba as reformas propostas pelo modelo comunista. A segunda parte começa em 1965, com a ida camuflada de Che à Bolívia. Seu objetivo é convencer camponeses a participar da luta armada por uma vida melhor e assim lutar contra o governo boliviano para tomar o poder (tudo dentro do ideal de uma América Latina unida e comunista).
O que o filme mostra é uma sucessão de erros estratégicos (falta de mantimentos, alimentos e remédios), de falta de planejamento e organização. Nos meses passados na selva boliviana, Che e seus “soldados” camponeses conseguem, a princípio, conquistar apoio da população que vive na miséria, mas aos poucos vão sofrendo com a própria falta de preparo logístico e emocional.
Benicio Del Toro é excepcional no papel (ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes por isso) e realmente constrói o personagem dúbio que é Che na história. Para uns, mito; para outros, lobo em pelo de cordeiro. Seu jeito calmo, também quando atua como médico cuidando dos doentes que encontra pelo caminho, e sua opção pela guerrilha na selva ao invés da comodidade do poder com Fidel em Cuba, contrastam fortemente com sua determinação em usar armas, em matar, em tomar o poder. O Che do filme tem um olhar dissimulado, irônico. Se a ideia de Soderbergh era ser imparcial e retratar o ‘homem’ Che, que sofre com crises fortíssimas de asma e confessa seus erros graves no planejamento de sua ação, atinge seu objetivo com clareza. Mas ainda bem que temos como prova a história viva de Cuba que não quer calar.
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