CARTAS DA GUERRA
Opinião
Sempre acho curioso assistir a filmes portugueses com legenda. Em português. Em Cartas da Guerra é bom que tenha mesmo – não só porque muitas vezes não entendemos o sotaque lusitano, mas porque o texto é poesia pura.
Baseado nas cartas que o escritor Antonio Lobos Antunes escreveu enquanto esteve na Guerra Colonial Portuguesa em 1971, tem o colorido dos tons de cinza, as sombras da saudade de um médico por sua esposa – e vice-versa-, e as palavras escritas no front. É isso que o filme oferece – e é o bastante. Mas precisa apreciar o lento, a não-ação, a observação.
O convite é o seguinte: deixe António falar. Apaixonado por sua mulher que está grávida, embarque nas suas palavras, nas imagens que ele vai construindo desse amor e da saudade que sente daquilo que ele ainda nem viveu. As cartas são da guerra; o filme, não.
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