BUGONIA
Opinião
Yorgos Lanthimos é um dos mais inventivos diretores da atualidade e BUGONIA é prova disso — estrada muito bem pavimentada por A Favorita e Pobres Criaturas, diga-se de passagem. Lanthimos salta do cinema experimental, frio, minimalista e estranho para uma direção de arte rica, humor ácido, ironia autoral em histórias que se descolam da realidade, mas que incrivelmente dialogam com o mundo atual de uma maneira única.
Tudo isso pra dizer que BUGONIA chega como remake de Save the Green Planet!, do sul-coreano Joon-Hwan Jang, mas é original do começo ao fim. Aliás, que desfecho! Mas tem chão até chegar lá, porque reviravoltas fazem parte da maneira com que Lanthimos conta histórias e satiriza nossa maneira de ver e (des)contruir o mundo.
O título diz respeito à uma antiga lenda de abelhas surgiriam de uma carcaça de boi, fazendo referência à vida que surge a partir da morte. Ou seja, de que algo novo só surge de algo em decomposição. Uma figura de linguagem que permeia o filme com abelhas inclusive presentes no contexto da vida de um homem simples que acredita piamente que a terra foi invadida por extraterrestres e que a CEO da empresa em que ele trabalha é uma alienígena. Resolve por bem sequestrá-la e o embate entre vítima e algoz vai da tensão ao absurdo em segundos — passando pelo humor ácido e pela crítica socioeconômica que Lanthimos faz tão bem.
No comando da história e da emoção do espectador estão Emma Stone, Jesse Plemons e Aidan Delbis — que propõem uma travessia por variadas emoções, não sem emoção ou riso de quem é capaz de vestir a carapuça. Tudo sob a batuta do diretor que tem a criativa capacidade montar alegorias cômicas e trágicas, estapafúrdias e elegantes pra falar de coisas pra lá de sérias.

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