BETÂNIA

Cartaz do filme BETÂNIA

Opinião

O filme brasileiro BETÂNIA, em competição na categoria Panorama, já estreiou na Berlinale. Encaixa-se bem nesta categoria que garimpa novos diretores e novos olhares. Marcelo Botta, diretor e roteirista, mostra um Brasil que pouco vemos no cinema. Vamos para os Lençóis Maranhenses, com uma fotografia linda que conta uma história que dialoga intimamente com tantas outras Brasil afora.

Betânia é o nome da protagonista e também do vilarejo onde ela nasceu.Ela é parteira, fica viúva e diz que quem matou seu marido foi o sal, ou seja, a dieta que sofre com a falta de energia. Vive o luto, apoia-se na família e tenta tocar a vida adiante. As mudanças involuntárias pedem mais mudanças e Betânia precisa se readequar. No processo de luto e reflexões, ela observa ao seu redor e traz as questões ambientais do lixo no mar, dos alimentos processados, da falta de energia, da desmesurada energia eólica, do turismo que precisa buscar o equilíbrio, da duna que muda o curso rio, da sexualidade, da prosa entre mulheres, o conflito de gerações. Em BETÂNIA, tudo é transformação, costurado com música e com poesia nas imagens e nos relacionamentos.

Conversei com Marcelo Botta na Berlinale. “Durante a pesquisa conhecemos muitas mulheres e tentamos contar a história de todas elas, que são trajetórias bem parecidas”, conta ele. “Eu quis trazer algo bem maranhense: o marejar do olho e o sorriso ao mesmo tempo.” É verdade. BETÂNIA tem a jornada intimista da protagonista que passa por momentos delicados, mas tem alegria da reunião familiar, da casa, do entorno. Rodeada por outras mulheres, Betânia brinda a vida que, apesar dos pesares que não são poucos, precisa ser apreciada.

Segue a entrevista com Marcelo Botta, direto da Berlinale.

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