ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES – Killers of the Flower Moon

Cartaz do filme ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES – Killers of the Flower Moon

Opinião

Os povos originários do hemisfério norte chamam a lua cheia de maio de “lua das flores” porque ela ilumina a chegada da primavera e seus campos floridos. A outra parte do título, “assassinos”, você já sabe: são aqueles que aniquilam estes saberes tribais, que tomam por superiores os seus hábitos em detrimento daqueles dos indígenas, que colocam os interesses financeiros acima de qualquer sinal de empatia e humanidade. Assim se construiu esta saga de ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES a partir do livro “Killers of the Flower Moon”, de David Grann, transformado num relato impactante e complexo pelas lentes e pela genialidade do contador de histórias Martin Scorsese.

Em tempos de imediatismo e notícias fugazes, Scorsese nos brinda com 206 minutos de um filme que pulsa, do começo ao fim. O começo é o petróleo descoberto na terra dos Osage, indígenas de Oklahoma; o fim é o seu massacre. Nos anos 1920, o enriquecimento dos indígenas chama a atenção dos magnatas e investidores de plantão, que também querem ganhar com a descoberta. Para tanto, é preciso se apropriar da vida da tribo, casar com indígenas e, por que não, matar?

Robert De Niro e Leonardo DiCaprio marcam presença como tio e sobrinho interessados no dinheiro e na manutenção da lógica da exploração e da apropriação. Mas é Lily Gladstone que rouba a cena, com seu olhar sútil e sábio sobre o que estava por vir. Uma personagem que antevê a tragédia, já sabendo que é parte dela. A fala mansa e atenta, o olhar alerta e amoroso fazem de Mollie o entendimento do fim.

A investigação feita pelo FBI, que ainda não tinha este nome, vai girar em torno de “quem não cometeu o crime”, como bem disse Scorsese. Todos estão envolvidos no massacre dos Osage. A história de amor, confiança e traição é tão universal quanto particular. Contada ora no idioma original, ora em inglês, vai dando a cadência da alternância, das diferenças culturais, do ritmo invertido. Culturas que não se mesclam num filme sobre coexistir. Mais atual, impossível.

Trailers

Comentários