ÀS VEZES QUERO SUMIR – sometimes i think about dying

Cartaz do filme ÀS VEZES QUERO SUMIR – sometimes i think about dying

Opinião

Enquanto ninguém está olhando, Fran dá uma espiada pra ver o que o novo colega do escritório está fazendo. Avessa a interações, antissocial e aparentemente indiferente, ela executa seu trabalho, entra muda e sai calada, e temos a impressão de que apatia toma conta da sua vida em todas as esferas.

A ponto de querer desaparecer sem deixar rastros. ÀS VEZES QUERO SUMIR fala essencialmente dessa dificuldade de interagir, de embarcar no senso comum, de dançar conforme a música simplesmente porque é assim que as pessoas fazem. Mesmo se dissimulam ou representam, estão usando seus recursos pra se relacionar com o mundo, se expressar e sobreviver em comunidade.

Não a Fran. Na pele da atriz Daisy Ridley, nada parece lhe interessar e há momentos em que ela se imagina morta. Não que ela seja suicida, mas isso tem a ver com sua dificuldade de preencher seus pensamentos com situações de lazer comuns, conversas entre amigos, passeios ou uma simples sessão de cinema.

Até que Robert chega no escritório e se aproxima de uma forma diferente, sem ser invasivo, com graça e um certo charme. Desperta a curiosidade, quebra a rigidez, amolece Fran aos poucos, mas o seu esforço pra mostrar afeto é tanto que fica paralisada. Quem vê de fora, acha que é apatia; quem sente, sabe que é medo.

Tocante, tem o ritmo de Fran: devagar. Não poderia ser diferente, pois só assim conseguiríamos sentir a sua dificuldade em mudar e avançar. Pra pensar, refletir, observar. Nem sempre é uma questão de querer quebrar padrões. Às vezes é uma questão de contar com ajuda pra despertar e desenvolver essa habilidade. Uma coisa vem antes da outra e nada é tão simples quanto parece para quem o convívio não é algo óbvio. É um desafio constante. E gigante.

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